quinta-feira, 11 de julho de 2013

A IGREJA CATÓLICA E O PAPA FRANCISCO.

                     Papa Francisco celebrando missa com cardeais na capela Sistina, no Vaticano - Osservatore Romano 




Ao longo da história, a Igreja foi braço decisivo do poder e enfrentou crises dramáticas. As invasões bárbaras destruíram o Império Romano e, com ele, as bases políticas sobre a qual ela se redigia. Foi preciso reconstruir. No século V ao XI a Igreja se consolida a maior instituição da época. O Papa passa a representar autoridade, poder em todos os feudos. Nesse período, mais precisamente no século VII, surgi o Islamismo através da especulada “Noite do destino”(Aonde, para os islâmicos, o anjo Gabriel aparece e diz a Maomé que ele é o prenunciador da fé por meio de Alah), a rápida expansão da religião chega a Península Ibérica, apresentando uma ameaça para o cristianismo no Oriente. Em 1517, Martinho Lutero lança a reforma protestante, o maior desafio à unidade da Igreja desde o grande cisma do Oriente de 1054, que separara a Igreja Católica Romana da Igreja Ortodoxa.

A isso tudo a Igreja sobreviveu honrosamente. Suada história. E não para por aí: Neste ano, o novo pontífice recebe a herança de um rebanho que encolhe comparado a outros (Islâmico e Protestante, por exemplo), um clero desmoralizado pelas denúncias de pedofilia e um catolicismo encurralado pelos conceitos modernos. A sua frente estende-se um período de turbulência moral e tremendos desafios práticos. Como a Cúria, que durante o breve pontificado de Bento XVI converteu-se em um cenário de escândalos financeiros e disputas de poder nada cristãs.

No Brasil, o maior país católico do mundo, onde a fé é relativamente jovem, os números expressam descontentamento: O percentual de católicos caiu desde 2005 de 73,6% da população para 64,6%. Na Europa, berço histórico da Igreja, o percentual em 1988 era de 60%. Em 2008, caiu drasticamente para 37% da população. É o que tem sido chamado de “fuga silenciosa”. O encolhimento é visível a olho nu. O que se vê nas ruas europeias são Igrejas vazias. Isso não me assusta. E explico o porquê: Por mais de 3 décadas, desde meados de 1980, a Igreja Católica coleciona denuncias de pedofilia sem a reação das autoridades. A hierarquia esteve mais preocupada em evitar escândalos do que em proteger seus próprios irmãos em Cristo - crianças inocentes e indefesas abusadas sexualmente. Joseph Ratzinger, enquanto ainda cardeal, na Alemanha, foi acusado de esconder o caso de um padre que abusou sexualmente de mais de 200 crianças surdas e mudas – permitindo que ele continuasse no sacerdócio, livre a se aproximar de outras crianças, possíveis vitimas.

Na Europa, onde templos são transformados em casas noturnas , sucedeu-se denúncias contra religiosos que usavam sua posição na comunidade para aproveitar-se de crianças de até 3 ANOS de idade! . É isso mesmo. 3 anos. (Não podemos nos esquecer dos pseudos pastores. E isso com toda certeza será pontuado em outro post. Tem fama para todo infeliz). Não há país que escape. Só nos Estados Unidos há mais de 3 MIL processos nos tribunais contra a Igreja, por acusação de pedofilia. Isso porque nem todas as vítimas têm coragem de denunciar. Até o México entra nessa dança: O Padre Marcial Maciel abusa e violenta seus discípulos e ataca sexualmente seus próprios filhos. Morreu livre, apesar das EVIDÊNCIAS contra ele. O que é isso? “Puna um padre por seus abusos e você irá para o inferno”? OPA! Então o Céu é grande mesmo! E por ai vai tantos outros casos absurdos. Como o escândalos da Cúria – os Vatileaks - vazamento de documentos secretos do Vaticano, que revelou uma rede de intrigas e corrupção no topo da Igreja. Santa politicagem!

É risório imaginar a Igreja, uma instituição de 2 mil anos, como uma coisa estática que, somente agora, apresenta sinais de crise. Ela sempre esteve em crise. Mas os seus últimos problemas é que fazem os últimos indicies de decadência. Por isso, os cardeais chegaram a Roma com uma forte mensagem de reforma e limpeza da Cúria. Puseram um jesuíta austero no já trono de Bento XVI. Chega, então, o nosso Frasciscão, que de fato deu um novo ar ao vaticano. Lugar que está precisando se livrar da poeira escura. O cardeal Jorge Mario Bergoglio, que quando Padre combateu a Teologia da libertação, conviveu com a pobreza na Argentina. A escolha do nome Francisco comprova seu compromisso com um voto de pobreza. Faz menção a São Francisco de Assis, defensor dos pobres e pacificador. Gosto de vê-lo, gesticula, coça a cabeça, sorri, tudo em um tom natural, fala como um amigo fala a outro. Mas devo dizer:. Não esperem muito do Papa. Ele é conservador. Escolhido pelo mais retrógrado de todos os papas: João Paulo II. O novo pontífice não realizará as reformas radicais que a igreja necessita. Não só porque é difícil romper com a rigidez e o histórico do vaticano, mas também porque seu perfil é austero.

E sobre essa reformas, eu não vou muito longe: A primeira coisa que faria(Vale lembrar que a ideia de Papisa é considerada nada mais que LENDA e, segundo ela, houve apenas uma: A Papisa Joana): é o que Bergoglio deveria ter feito no instante em que apareceu para multidão no balcão da igreja de São Pedro: pedir desculpas pelos pecados que a Igreja cometeu nos últimos anos. Pediria perdão às crianças assediadas sexualmente por sacerdotes. Perdão também pela ação de João Paulo II por ocultar esses problemas gravíssimos, incentivando a pedofilia no seio da Igreja. Eu me desculparia com as freiras, por elas sempre ocuparem um lugar secundário tanto nas missas como na hierarquia da Cúria romana. Decretaria, além da participação das mulheres em todos os níveis da Igreja, o fim do celibato. Isso traria uma renovação espiritual ao catolicismo. O celibato clerical surgiu arbitrariamente, no século XI, por decreto do papa Gregório VII. Esse decreto está mais do que na hora de cair. É impossível manter a Igreja com proibições que vão contra a natureza humana.  Basta acompanhar as ultimas noticias: O resultado são escândalos sexuais em todos os lugares envolvendo padres. Manchas carimbadas no catolicismo.

Mas, há um tímido começo. Uma nuvem branca em meio a escuridão. Ela se chama simplicidade. E disso o Papa Francisco entende bem.  É uma boa forma de tampar um passado negro. Cardeais: Gênios! Apesar dos bastidores, a característica humilde traz conforto. Defendo a ideia de que não governará seu compromisso papal da mesma forma decadente de João Paulo II. Nisso eu aposto minhas fichas. Seu lado solidário tão bem moldado trará de volta os católicos envergonhados pela deturpação moral que envolve sua religião. Acredito que, comparado ao papado de Bento XVI, o número de fiéis aumentará. A decadência moral católica perderá espaço nas manchetes. O pontífice Francisco tem um ar familiar, nos faz lembrar o avozinho distante que reza por nós. E isso é importante para a superação da crise moral católica - o aconchego.

Que Deus assuma o controle absoluto. Amém.




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