terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Do sentimento de não estar totalmente

Sempre serei criança para muitas coisas, mas dessas crianças que trazem em si o adulto desde o princípio, de maneira quando o monstrinho vira realmente adulto acontece que este por sua vez traz em si a criança, e nel mezzo del camin se dá uma coexistência poucas vezes pacífica de ao menos duas aberturas para o mundo. Muito do que escrevi se classifica sob o signo da excentricidade, porque nunca admiti uma clara diferença entre viver e escrever; se ao viver consigo disfarçar uma participação parcial das minhas circunstâncias, não posso porém negá-la no que escrevo porque escrevo precisamente por não estar ou por só estar pela metade. Escrevo por incapacidade, por descolocação; e como escrevo num interstício, estou sempre propondo que outros procurem os seus e por eles olhem o jardim onde as árvores têm frutos que são, naturalmente, pedras preciosas. O monstrinho continua firme.